sábado, 24 de dezembro de 2011

Sexualidade flex

Surge um novo tipo de heterossexual, os heteroflexíveis: pessoas que beijam e até transam com outras do mesmo sexo de vez em quando, mais por curiosidade do que por prazer, mas não se consideram homo, nem bissexuais.
A primeira vez de Carla* foi aos 16 anos. Estimulada por um ex-namorado durante uma festa, ela beijou a melhor amiga na boca. E não foi apenas um selinho. Foi um beijo de verdade, com direito a língua e tudo. Hoje, aos 24, ela continua beijando meninas. Para ela, é saudável e divertido. E nem por isso se considera homo ou bissexual. Carla se diz hétero. Ou, melhor, heteroflexível. O termo caracteriza pessoas que se definem como heterossexuais, mas que ficam com outras do mesmo sexo.
O fenômeno é mais comum entre as mulheres e não está restrito ao Brasil. Uma pesquisa realizada recentemente nos Estados Unidos, pelo Centro Nacional de Estatísticas em Saúde, mostra que 15% das universitárias, entre 19 e 24 anos, já tiveram relação homossexual. Mas a maioria delas não se declara gay ou bissexual. Famosas héteros como Kate Moss, Sharon Stone, Pink e Madonna - que já foram fotografadas beijando outras mulheres - também contribuem para uma melhor aceitação da heteroflexibilidade entre as meninas, que até têm um hino. No hit "I Kissed a Girl" (eu beijei uma menina), a cantora norte-americana Katy Perry fala sobre a experiência de beijar outra garota na boca, mesmo tendo um namorado.
Por mais complicado e estranho que pareça, existem mesmo diferenças entre a heteroflexibilidade e a bissexualidade, dizem os especialistas. "Beijar uma pessoa do mesmo sexo não significa que a menina ou o menino seja gay ou bissexual. O beijo é uma forma de expressão e pode ter vários significados, entre eles o de carinho, e não de atração carnal", diz o médico e sexólogo Amaury Mendes Júnior, coordenador de pós-graduação da Clínica Delphi, no Rio de Janeiro. Enquanto héteros, bi e homossexuais já sabem exatamente o que querem, o heteroflexível ainda está em uma fase de experimentação, segundo a psicoterapeuta e sexóloga Mara Pusch, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Para o bissexual não importa se o companheiro é um homem ou uma mulher para ter pleno prazer. O flexível não tem esse mesmo prazer. Ele quer experimentar, conhecer. Ele não se sente atraído sempre por alguém do mesmo sexo, mas apenas naquele exato momento", diz a sexóloga.
E justamente por estar relacionada à fase de descobertas, a heteroflexibilidade é mais comum entre os jovens. "Ela pega a faixa da adolescência até os 20 e poucos anos, mas não é uma regra fechada. Também existem adultos flexíveis", diz Mara, que ressalta que as meninas são mais abertas à prática. "A sociedade aceita melhor duas mulheres se beijando do que dois homens, e o menino ainda tem aquele estigma de machão, de não querer levar fama de bicha. Sem contar que existe toda a fantasia de duas mulheres juntas. As meninas que se beijam atraem mais meninos", diz a sexóloga.
Apesar de mais comum, a prática flex não fica necessariamente apenas no beijo. "Já fui além do beijo com outras meninas, foi bom, mas não passa disso. Não me sinto totalmente atraída e não namoraria outra mulher", conta Carla. Já para Patrícia*, de 33 anos, ir além foi o que a fez se tornar uma ex-heteroflexível convicta. "Deixei de ficar com mulheres quando fui parar na casa de uma lésbica e rolou um monte de coisa esquisita que para ela era sexo", diz.
A fase flex de Patrícia começou por curiosidade e questionamentos e durou dos 19 aos 26 anos. "Tinha curiosidade em saber se poderia gostar e questionava muita coisa por achar que tudo era convencionado pela sociedade. 'Por que não beijar mulher? É só uma manifestação de carinho', pensava. Era uma coisa entre amigos, uma celebração da liberdade", explica. Mas ela ressalta que nunca sentiu atração de verdade por uma mulher. "Só admiração como pessoa mesmo. Sentia prazer somente no exibicionismo." Hoje, Patrícia é casada e mãe de um menino de dois anos.
Segundo a sexóloga Mara Pusch, a heteroflexibilidade sempre existiu, mas agora está mais evidente. "Isso acontece porque há um número maior de locais que proporcionam isso. Já não precisa ser tão camuflado", diz. A prática também pode ser um primeiro passo para a pessoa se aceitar melhor. "Depois das experiências, ela pode se descobrir homo ou bi e se aceitar do jeito que é", finaliza o sexólogo Amaury Mendes Júnior.
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2 comentários:

  1. Acho que sou inflexível, rs rs. Acho que essa apologia ao homossexualismo não tem nada a ver. A realidade é outra...

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  2. Interessante, mas não é minha praia, nada contra quem curte, bjs

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Silvana Marmo