terça-feira, 24 de julho de 2012

E se ninguém morresse?


Viver para sempre não é sonho assim tão distante. Já tem muito cientista ambicionando a imortalidade - e com resultados significativos. Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas da Espanha injetaram uma enzima em ratos que, ao melhorar a eficácia da divisão celular, aumentou em 50% a expectativa de vida das cobaias. Outros investigam as células-tronco e têm esperança de que elas ajudarão na renovação eterna das células. Mas, não importa por qual caminho vier, assim que o remédio da imortalidade estiver desenvolvido, ele será privilégio de gente milionária. Já existem remédios que custam R$ 1 milhão ao ano (como o que trata uma síndrome rara, em que o sistema imunológico destrói os glóbulos vermelhos do doente durante a noite), e talvez uma pílula da vida eterna não saísse por menos dinheiro. Ainda assim, uma parte dos 9 milhões de milionários do mundo toparia comprar o medicamento. E, daqui a 20 anos, quando a patente do remédio expirasse, o genérico da pílula da imortalidade ficaria acessível a todos. Isso quer dizer que, em poucas décadas, mais da metade das pessoas que morrem todos os anos de doenças cardíacas ou câncer - males que serão evitados com o remédio da imortalidade - deixariam de bater as botas. São 32 milhões de pessoas ao ano que continuarão vivinhas - e superpovoando o planeta. Com tanta gente, dificilmente escaparíamos do controle de natalidade, da legalização do aborto, da crise ambiental e da escassez de alimentos. Mas nem tudo seria desgraça. Num planeta de imortais, à beira de um colapso ecológico, é possível que as soluções ambientais surgissem mais rapidamente. Afinal, quando a ameaça de destruição deixar de ser um problema só para as gerações futuras, todos vão ter de se mexer. Ninguém vai querer estar vivo quando o mundo acabar, certo?
Tudo novo de novo
Os imortais vão encarar um planeta lotado e trabalho duro para sempre

1. Remedinho mágico
Nos primeiros anos, só os ricos vão usufruir da pílula da vida eterna. Sem mortes por doenças cardíacas ou cânceres, males diretamente ligados ao envelhecimento, o planeta deixaria de perder anualmente 32 milhões de pessoas - e ainda receberia os 150 milhões que já vêm naturalmente ao mundo todos os anos.

2. Bilhões de vizinhos
Se hoje já exploramos o planeta além da sua capacidade de renovação, com os imortais, o jeito seria controlar a natalidade e liberar o aborto. Assim como nos países populosos, cada casal só poderia ter um filho. Irmãos, tios e primos seriam extintos. Mas as famílias aumentariam: conviveríamos até o fim da vida com avós, bisavós e tetravós.

3. Mão na consciência
Com o acréscimo dos imortais, o desastre ecológico será inevitável. Mas a ameaça pode ser boa. Se todo mundo estiver vivo quando o planeta entrar em colapso - ou seja, quando o futuro distante se tornar realidade -, é possível que a cons-ciência ambiental e a preservação do planeta sejam levados a sério.

4. Vai trabalhar
A previdência, que sustenta os velhos com o trabalho dos jovens, já está em crise com o envelhecimento da população. "Se todo mundo viver 100 anos com aposentadoria, vai ficar caro", diz o professor de economia da PUC-SP, Antonio dos Santos. Ou seja, as pessoas vão viver para sempre - mas também vão passar o resto da eternidade trabalhando.

5. Uma mente sem lembranças
O cérebro humano tem limite de armazenamento. "Hoje já esquecemos de informações que não usamos quando aprendemos coisas novas", explica o gerontologista Aubrey de Grey. Nos imortais, aconteceria o mesmo: séculos inteiros seriam apagados da memória limitada. Vão viver, mas não vão lembrar para contar a história.

6. Adeus, deus
"Há tempo de nascer e tempo de morrer", diz a Bíblia. A Igreja não aprovaria uma droga que prolongasse a vida por tempo indeterminado. E não espere manifestações só dos católicos. Sem a ameaça de morte, para muita gente não faria sentido se manter religioso - até porque as religiões se baseiam na ideia de recompensar o ser humano no pós-morte.

7. Reinvenção constante
Com tanto tempo nas mãos, os humanos vão querer novas experiências. Engenheiros se tornarão médicos, que se tornarão bombeiros, que vão ser astronautas. O mesmo vai acontecer com os casamentos. O "até que a morte os separe" não vai fazer sentido. Ex-mulheres e ex-maridos vão pipocar por aí - e haja pensão para pagar todo mundo.

8. Cansei dessa vida
Depois de séculos, ser imortal será um fardo. Quem já viu de tudo não terá motivo para continuar vivo. Sem essa motivação, o ciclo natural da vida será tentador. O suicídio seria uma alternativa. Mas o mais provável é que as pessoas simplesmente parassem de tomar o remédio da juventude e voltassem a envelhecer.
Fonte

10 comentários:

  1. Adorei o texto !
    Confesso que vira e mexe eu tenho pensamentos de como seria maravilhoso ficar aqui para sempre, pois eu adoooro minha vida !
    Mas analisando pelos seus tópicos, acho que não seria tão incrível assim...
    Grande abraço e boa semana !!!

    ResponderExcluir
  2. Silvana,

    Esse post está muito bom. Linkei o seu blog na nossa nova comunidade de posts: Só (bons) posts http://sobonsposts.blogspot.com/ e nós divulgamos o blog e a matéria do escritor, assim como o nome do editor.

    Se quiser continuar contribuindo conosco, envie os seus links ok?

    Abs.

    ResponderExcluir
  3. Sil, minha querida!
    Eu acho engraçada essa preocupação humana! O que há de tão assustador na morte? Sabemos que ficamos aqui o tempo que temos que ficar...e pronto! Nossa missão "carnal" é um preparo e evolução espiritual, então, se pudermos ficar aqui e neste tempo fazermos o melhor de nossa vida e a do planeta, teremos, com certeza, ganho uma "imortalidade" muito mais interessante do que essa que buscam. Para mim, essa busca está ligada apenas ao interesse material e egocêntrico que domina o homem. Se ao menos tivesse algo com o desenvolvimento espiritual...mas sabemos que está bem longe disso!
    Grande beijo, minha linda!
    Jackie

    ResponderExcluir
  4. Silvana,

    Interessante seu artigo. Muitos querem viver para sempre, mas não se dão conta do que isso significaria para eles em todos os sentidos. O texto explana muito bem. Adorei!!!!

    ResponderExcluir
  5. Olá Silvana,
    amei o texto! É uma ótima reflexão sobre a imortalidade com corpo mortal.
    Para mim seria mais interessante que o relógio andasse mais devagar, só para curtirmos um pouco mais do tempo que temos para o lazer.
    No mais, como nós seres humanos somos eternos inconformados, acabaríamos nos cansando da imortalidade também!!!!
    Agradeço por compartilhar texto tão interessante!
    Abraços.
    Sonia Costa

    ResponderExcluir
  6. Nem o heroi de Highlander estava satisfeito por ser imortal. A cada seculo via uma amada envelhecendo e morrendo. Eu não sei se quero viver tanto.

    Aguentar tanta violencia, pouco dinheiro, falta de calor humano... ahhhh com certeza tudo isso vai piorar. Eu prefiro ir para aquele lugar bacana que aparece no filme Nosso Lar!

    ResponderExcluir
  7. Minha querida amiga Silvana, boa noite!!!
    Concordo com o texto, excelente!!!
    Se não passamos por esta vida, não cumprimos com o aprendizado, não realizamos as tarefas... se ela não tivesse um fim, como poderíamos nascer novamente para a verdadeira vida? Não seria possível... ficaríamos eternamente numa vida de provas... Deus fez tudo certinho, nós é que não queremos sair daqui, mas é necessário.
    Parabéns pelo excelente texto, adorei!!!
    Grande abraço e muita paz!!!

    ResponderExcluir
  8. Ah... minha amiga Silvana, prefiro o tempo dado aos simples mortais! No mundo caótico que vivemos? Prolongar para quê?
    Ilusão pensar em vida eterna aqui na Terra.
    Há tempo para tudo: nascer, plantar, colher e morrer...
    Meu carinhoso abraço,
    Yolanda

    ResponderExcluir
  9. Muito interessante as reflexões, mas sabe que uma vez eu li que havia mais pessoas vivas atualmente sobre a face da terra do que todas que já morreram. Não sei se procede a informação, mas ainda acho que haveria a possibilidade de todos os seres viventes sobre a terra viverem bem se não vivêssemos sob a égide do consumo exacerbado e da má distribuição de renda.

    abraços. Deborah

    ResponderExcluir
  10. E o superpovoamento? falta de água, comida, transporte, emprego, espaço e etc etc etc ??
    Acredito que nossa vida tem um tempo útil para justamente deixarmos um exemplo de conduta que será lembrado por muito tempo.

    Um dia o "Criador" vai desligar o seu interruptor e puf ... acabou !!!

    ResponderExcluir

Obrigada pela visita e pelo carinho do comentário.
Volte sempre!
Silvana Marmo